A.H. Bombeiros Voluntários de Felgueiras 
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História 

Celebrava-se com alguma pompa, o 4º centenário da viagem de Vasco da Gama à Índia. O país vivia extasiado, apesar das graves e constantes crises financeiras, com os feitos guerreiros em África. Mouzinho de Albuquerque, Roberto Ivens e Brito Capelo eram os heróis do momento. A Monarquia Constitucional entrava em agonia lenta. Regeneradores e Progressistas revezavam-se no poder. Em Felgueiras presidia à Câmara Municipal, o Dr. António de Barbosa Mendonça Pinto e Alpoim, da Casa de Rande, líder do partido Regenerador de Felgueiras, e proprietário e fundador do único jornal que ao tempo se publicava no concelho – ‘A Semana de Felgueiras’. A vila pacata e acolhedora, não diferiria muito do pitoresco retrato feito, alguns anos mais tarde, por um correspondente da Liga dos Bombeiros Portugueses, que, sem comentários, em rodapé adiante se reproduz. Um grupo de Felgueirenses, preocupados com situações dramáticas vividas pelos seus semelhantes, e desejosos de engrandecer também o nome da terra que os viu nascer, meteram ombros à empresa que hoje poderemos considerar quase ciclópica. A criação de uma Corporação de Bombeiros Voluntários.
Aos seis dias do mês de Março de mil oitocentos e noventa e oito, n’esta villa de Felgueiras e casa da Assembleia da villa, onde se achavam os abaixo assinados e outras pessoas que não sabem escrever…, pediu a palavra o Exmo. Senhor Dr. Eduardo Coelho, que em breves palavras e propondo a instituição de uma Associação de Bombeiros Voluntários n’esta villa, fez ver a necessidade de na villa se criar uma associação tão prestimosa, no que seguíamos o indicado pelos concelhos e povoações vizinhas.” Assim começa o primeiro documento escrito da Comissão Instaladora da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras em 1898.
Assim se inicia uma história de cem anos. A ideia seria contudo, na data desta primeira reunião formal, uma ideia já amadurecida. Com efeito, já em 1896, a edição de 12.09 do jornal ‘O Felgueirense’, proclamava “nobres e alevantados os intuitos” e “simpática a ideia”. Há-de ser pois por altura de 1896, que na mente de alguns Felgueirenses germina a ideia da criação da corporação de bombeiros, para que pudessem as populações nas horas de maior angustia ter algum arrimo. Com efeito de relatos que nos chegam da imprensa da época, pode verificar-se que vinham já desde há alguns anos, a realizar-se saraus musicais, récitas de poesia e representações teatrais com o nobre intuito de angariar receita para a criação da Associação dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras. E logo naquela primeira reunião foram explicitados, pelo secretário nomeado Auspicio Augusto Dias Ferreira “os benefícios que a Associação em projecto presta à humanidade, quando ella sofre os rigores das lavaredas e chamas do incêndio, e que esta no auge do seu desespero chega a dizer que a providência se esquece do mundo, e que nos tributa amor…”.
É ainda nesta reunião que se constitui uma Comissão presidida pelo ilustre felgueirense, Dr. António Leite Ribeiro de Magalhães, “… para tractar do projecto d’estatutos.”. Projecto que logo na reunião seguinte, realizada aos vinte de Março de 1898, é apresentado e aprovado pela Assembleia que era constituída pelos Felgueirenses:

-Alexandre Martins da Cunha Sampaio   -João Leite de Castro Brochado
-Fortunato Martins da Cunha Sampaio   -António Júlio Dias
-António Luís da Silva   -José da Cunha Ferreira Leite
-Ângelo de Oliveira Felgueiras   -Gaspar de Magalhães
-Gaspar Teixeira de Magalhães Castro Leite   -Aniceto Pinto Ferreira
-Joaquim Luís da Silva   -José Ferreira Marinho
-Fortunato Leite Ribeiro de Magalhães   -Constantino Ribeiro da Silva
-José Maria Luís da Silva   -Auspicio Manuel Dias Ferreira
-Auspicio Manuel Dias Ferreira    

Porém só em 24 de Novembro de 1898, após recusas e correcções várias, o Governador Civil do Porto aprovou os estatutos da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras, e passou a respectiva certidão. É pois a data de 24 de Novembro de 1898, a da fundação oficial desta prestimosa casa. E logo o at.º 3º dos Estatutos aprovados vincula esta Associação aos nobre intuitos dos seus fundadores “Esta associação tem por fim socorrer os habitantes do concelho de Felgueiras nos casos d’incendio ou de outras calamidades.”. Uma outra comissão foi entretanto constituída para “promover desde já a subscripção”. E não se regatearam a esforços os fundadores para irmanarem nessa ideia de todos os felgueirenses. E conseguiram-no, já que os donativos foram chegando. Grossas quantias dos mais endinheirados, contributos singelos de anónimos e pobrezinhos. Até mesmo do Brasil, o Sr. Joaquim da Costa Leite Guimarães, remete 3$000 reis. Ao longo das edições publicadas nesse ano de 1898, o jornal ‘A Semana de Felgueiras’, sempre noticia as importâncias subscritas e entradas no cofre da ainda Comissão. Numa das edições de Setembro desse ano, diz mesmo que “… no dia 1 de Setembro tem a mesma comissão a importância da encomenda material no valor de 950$000 reis, tendo apenas em cofre 606$500 reis.”. Eram pois como se vê, tempos difíceis, e só a têmpera e o altruísmo daqueles felgueirenses possibilitaram o emergir de uma Associação que ao longo dos anos se tem mantido fiel aos princípios que presidiram à sua criação. Certo é que, com ou sem fundos suficientes, logo começa a Comissão as encomendas de material necessário à prossecução dos seus nobres fins. É assim que ainda antes da aprovação dos Estatutos, se faz a encomenda de uma Bomba de extinção de incêndios, mangueiras, machados, etc.
Tinha frutificado a ideia. A Associação dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras era uma realidade. 

 

Símbolos 

Como todas as instituições, também os bombeiros têm os seus símbolos, os seus ícones, que de uma forma ou de outra são faces visíveis das corporações. Em desfiles, paradas e mesmo na prestação dos habituais serviços, são o emblema, o hino e o estandarte que distinguem as corporações.  

Estandarte 

O primeiro símbolo da Corporação dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras é a sua bandeira. Deve-se a mesma ao labor, dedicação e carinho de um grupo de senhoras de Felgueiras, que assim quiseram contribuir para a causa nobre a que os cavalheiros tinham metido ombros. Sabe-se que o custo dessa bandeira, encomendada à Casa de Paramentaria e Sirguaria de Joaquim da Silva Melo, no Porto, importou na quantia de 150$000 reis.
A primeira descrição que da mesma encontramos, constitui o prólogo do Regulamento Disciplinar da Corporação escrito em Janeiro de 1899, e reza assim: “O pano da bandeira é de cetim de seda azul e branco. O desenho consta de um emblema próprio das corporações deste género, e de uma cercadura de louro em roda do emblema. Por cima do emblema, no alto da bandeira as iniciais -  B.V. - em letra gótica e por baixo, a inicial - F -. As fitas do laço da bandeira constam os seguintes dizeres, uma - Aos Bombeiros Voluntários -, e a outra – As Senhoras de Felgueiras -. A haste da bandeira tem na extremidade uma lança de prata.” Deve aqui dizer-se que se trata de uma bandeira riquíssima, bordada a ouro. Foi reparada em 1928 por donativo concedido para esse fim pela benfeitora D. Emília de Sousa Lemos. Em 1952, carecendo de novo reparo, uma comissão constituída pelas Senhoras D. Maria Esmeralda Assis Antunes da Fonseca, D. Alzira Maria Teixeira, D. Maria Eduarda da Costa Guimarães, D. Maria Celina Mesquita da Mota e D. Maria Alice Lima da Costa, encarrega-se de angariar donativos e proceder à necessária reparação. Foi esta bandeira que em 1911, esteve na base de um conflito entre a Corporação e o militar que superentendia no concelho. Tinham decorrido apenas alguns meses desde a implantação da República. Para a Bandeira Nacional tinham sido adoptadas pelo regime republicano as cores verde e vermelha. Não ficaria bem na procissão do Corpo de Deus uma bandeira com as cores branca e azul da extinta monarquia. Não transigiu o militar, e o Corpo Activo, por decisão do seu Comandante, não participou na procissão do Corpus Christi.

 Emblema

 Só em 1926, por decisão de 31 de Outubro, foi decidido mandar fazer o emblema da Corporação. Foi disso encarregado o Sr. José Maria Lickfold da Silva, “devendo executar o desenho apresentado e não gastando com isso mais de 150$00.”. A descrição do desenho é do seguinte teor: “O emblema da Associação dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras, compõe-se de um escudo em relevo, dentro desse espaço em forma de coração, sobre o qual assentam dispostas em triângulo, com vértice para baixo, as letras B.V.F.
No espaço compreendido entre o coração central e a margem exterior das linhas do escudo, encontra-se gravada a legenda TALENT DE BIEN FAIRE. O escudo é abraçado por duas palmas, que se juntam pelo lado inferior da haste no vértice do escudo, amparando de um e de outro lado um capacete de bombeiro, que serve de capitel ao escudo.” A divisa adoptada, que deverá traduzir-se por VONTADE DE BEM FAZER, tinha servido já de lema ao Infante D. Henrique. Atenta à incomparável obra do Navegador, e perenidade do seu legado, que melhor divisa poderiam os Bombeiros de Felgueiras usar?!

Hino 

Do hino sabe-se que terá sido encomendado pelo Comandante José Maria Lickfold da Silva ao mestre da Banda Aniceto Pinto Ferreira. A partitura inicial terá já sido elaborada com a colaboração de Manuel Ribeiro da Silva. Certo é que, em Maio de 1956, é este Sargento, Músico do Quartel da Infantaria 6 do Porto, que faz os arranjos definitivos da Marcha dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras, tal como hoje a conhecemos.

DOWNLOADS 
  - Sócios Beneméritos e Honorários